Vivemos agora as consequências da pandemia. Isolados em casa, misturam-se em nós a vontade de expressão do sentimento íntimo com a necessidade de ouvir o que diz a ciência. Como no poema Tecendo a Manhã, de João Cabral de Melo Neto, em que a lírica é tecida com os fios da razão, nos irmanamos com a ideia de que será preciso unir os cantos de cada um – a partir de nossos quartos, casas e quintais – para forjar uma nova realidade. Convidamos pessoas da cultura e artistas de várias linguagens para gravar um vídeo curto, dizendo aos outros aquilo que lhes parece ser mais importante diante desta situação-limite.
A atriz, dramaturga e diretora Leonarda Glück lê um trecho de “O Teatro e a Peste”, do livro O Teatro e Seu Duplo, de Antonin Artaud. Aqui a peste é vista não só como desgraça, mas também como acontecimento que favorece a crise. E a crise não é apenas dor, é revelação aguda do real e abertura para o novo.
LEONARDA GLÜCK (Curitiba, 1981) é atriz, dramaturga e diretora teatral. Membro fundadora da Companhia Silenciosa e do Coletivo Casa Selvática. Graduada pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Tem mais de vinte textos encenados por diferentes grupos, companhias e artistas brasileiros de diversas linguagens artísticas. Publicou “A Perfodrama de Leonarda Glück – Literaturas Dramáticas de Uma Mulher (Trans) de Teatro”, coletânea com seis textos teatrais. Atualmente se prepara para estrear o solo “Trava Bruta”, texto premiado pelo Edital de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo/2020.
CENA ABERTA publicará os vídeos, às segundas, quartas, sextas-feiras e sábados. Agradecemos muitíssimo a todos e todas que puderam e quiseram responder ao nosso chamado. Nossa intenção é construir com essas vozes ora isoladas não só um coro, como também um registro, um documento crítico-afetivo sobre o presente.