Tecendo a manhã – Aury Porto

Na semana passada anunciamos aqui no site o encerramento do projeto Tecendo a Manhã com um lindo vídeo de Cacá Carvalho. Quase dois meses em que colhemos mais de vinte falas/ intervenções/ suspiros/ ações a partir do isolamento. Mas agora nos chegou, no apagar das luzes, este belo trecho gravado por Aury Porto, enviado da noite de Guaiúba,  Região serrana do Ceará. Nele, o ator traz uma fala do personagem Shlink, de “Na Selva das Cidades”, de Bertolt Brecht. Ao som dos animais que nos encantam e nos colocam em vigília o personagem diz sobre a sensação  de  isolamento entre os seres humanos. Só aquele que pisa mais a mata parece ter capacidade de vencer. Soa imobilizante  mas, se quisermos,  haverá por trás das duras palavras um desafio: a reinvenção do modelo de sociedade que nos trouxe até aqui. E assim encerramos este projeto – apostando, como na dialética brechtiana,  que  do meio da dureza dos dias a mudança já começou. 

AURY PORTO (Lavras da Mangandeira, Ceará – 1964). Mora na cidade de São Paulo desde 1987. Em 2000 entrou no Teatro Oficina com o intuito de fazer acontecer a encenação de “Os Sertões”, icônico livro de Euclides da Cunha. Entre 2002 e 2007 atuou nas cinco peças desta montagem sob direção de Zé Celso Martinez Corrêa. Em 2007, em parceria com a atriz Luah Guimarãez, fundou a mundana companhia, na qual atua, dirige, faz adaptações e produz há treze anos. Algumas das encenações da mundana companhia: “O Idiota”, adaptação do romance de Fiódor Dostoiévski, feita em conjunto com Vadim Nikitin e com direção de Cibele Forjaz; “O Duelo”, adaptação da novela de Anton Tchékhov, com direção de Georgette Fadel; “Na Selva das Cidades – Em Obras”, com texto de Bertolt Brecht e direção de Cibele Forjaz; “Necropolítica”, com texto de Marcos Barbosa e direção de Aury Porto. Nos últimos quatro anos atuou também em filmes de longa metragem e em séries de televisão e streaming.

Texto do vídeo: fala do personagem Shilink da peça “Na Selva das Cidades”, de Bertolt Brecht, com tradução de Christine Rohring. “Na Selva das Cidades – Em Obras” foi apresentada entre os anos de 2015 e 2018.