A holotúria, ou “pepino do mar”, é um animal das profundezas. Quando atacado se despedaça em dois para sobreviver. É a imagem deste bonito poema, da polonesa Wisława Szymborska, que a dramaturga carioca Daniela Pereira de Carvalho escolheu ler para nós na série de vídeos Tecendo a Manhã. “Autotomia” foi usado em uma de suas peças, “Tudo é permitido”, e é como ela diz, uma fala sobre o desapego. Ou, de dentro do ceticismo produtivo da poeta, uma fala sobre as estratégias de potência na tragédia. Obrigado a Daniela por nos trazer isto.
Daniela Pereira de Carvalho lê “Autotomia”, de Wislawa Szymborska.
Daniela Pereira de Carvalho (Teresópolis, 1977) é dramaturga. Formada em Teoria do Teatro pela UNIRIO, com Mestrado em Artes Cênicas pela mesma universidade. Autora, entre outras peças, de “Por uma vida um pouco menos ordinária”, “Cachorro Enterrado” e “Renato Russo – O musical”.
“Autotomia”, de Wisława Szymborska (1923 – 2012). Tradução coletiva. Revista Inimigo Rumor no. 10. Editora 7Letras: Rio de Janeiro, 1996.
CENA ABERTA publicará os vídeos, às segundas, quartas, sextas-feiras e sábados. Agradecemos muitíssimo a todos e todas que puderam e quiseram responder ao nosso chamado. Nossa intenção é construir com essas vozes ora isoladas não só um coro, como também um registro, um documento crítico-afetivo sobre o presente.