Antes da chegada do vírus, o governo já havia consolidado junto à parte da sociedade que o apoia uma declarada posição anti-arte e anti-artistas. Com a pandemia as pessoas mais velhas também viraram objeto das políticas de morte difundidas pelos conservadores. Ser artista e ser mais velho no Brasil de hoje são, assim, motivos para uma dupla marginalização.
Convidado a gravar um vídeo para a nossa série TECENDO A MANHÃ, o ator veterano Sérgio Mamberti não desanima diante do quadro. “A criatividade nasce da angústia”, diz ele, a partir de uma fala de Albert Einstein. Com a vitalidade de sempre, sugere que a crise pode ser o princípio para nos lançarmos sobre o novo, ou, quem sabe, sobre os caminhos da utopia. Obrigado ao Sérgio, que nos empresta a experiência dos seus 81 anos, boa parte deles dedicada à imaginação artística e politica. É alimento, estimula o ânimo, a ânima.
Sérgio Mamberti (Santos, 1939) é ator, diretor, produtor, autor, artista plástico e gestor da área cultural. Formado pela Escola de Artes Dramáticas (EAD) de São Paulo, é um veterano artista brasileiro com atuação no teatro, cinema e TV. No cinema fez como ator dezenas de filmes, entre eles os históricos “O bandido da luz vermelha” (1969), “Toda nudez será castigada” (1973) e “O homem do pau Brasil (1982), além de “Romance” (1988) e “Jogo das decapitações (2013). Na TV participou de novelas como “Vale tudo” e “O clone”, além da série “Castelo Rá-tim-bum”. Estreou no teatro em 1964, dirigido por Antonio Abujamra em “O inoportuno”, de Harold Pinter. Foi dirigido entre outros por Victor Garcia (na montagem de “O Balcão”, de 1969), Fernando Peixoto, Paulo José e Márcio Aurélio. Seu espetáculo mais recente é “O ovo de ouro”, dramaturgia do jovem autor Luccas Papp com encenação de Ricardo Grasson. Na gestão cultural Sergio Mamberti exerceu entre outros cargos, o de presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
CENA ABERTA publicará os vídeos, às segundas, quartas, sextas-feiras e sábados. Agradecemos muitíssimo a todos e todas que puderam e quiseram responder ao nosso chamado. Nossa intenção é construir com essas vozes ora isoladas não só um coro, como também um registro, um documento crítico-afetivo sobre o presente.