Tecendo a manhã – Jhonny Salaberg

Vivemos agora as consequências da pandemia. Isolados em casa, misturam-se em nós a vontade de expressão do sentimento íntimo com a necessidade de ouvir o que diz a ciência. Como no poema Tecendo a Manhã, de João Cabral de Melo Neto, em que a lírica é tecida com os fios da razão, nos irmanamos com a ideia de que será preciso unir os cantos de cada um – a partir de nossos quartos, casas e quintais – para forjar uma nova realidade. Convidamos pessoas da cultura e artistas de várias linguagens para gravar um vídeo curto, dizendo aos outros aquilo que lhes parece ser mais importante diante desta situação-limite.

O ator e dramaturgo Jhonny Salaberg lê o poema “Viver de Poesia”, de Elisa Lucinda.  

“Viver de poesia”, poema de Elisa Lucinda, lido aqui de um modo tão delicado pelo jovem
dramaturgo Jhonny Salaberg, é um hino à vida. A poesia se torna a um só tempo trabalho e
razão da existência, pão e prazer. E a sua celebração ganha para nós – para todos nós – uma
terna atualidade. Em tempos de confinamento e de aparente falta de perspectivas, é a poesia, posta em “estado de circulação”, que nos permite “atropelar o efêmero”. Há nesses versos muito da alegria que certamente ainda virá. Obrigado, Jhonny!

JHONNY SALABERG (São Paulo, 1995) é ator, dramaturgo e arte-educador. Membro fundador do coletivo O Bonde. Formado pela Escola Livre de Teatro de Santo André. Tem cinco textos encenados em parceria com companhias de teatro. Publicou “Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã” (peça premiada pelo edital de dramaturgia em pequenos formatos cênicos do CCSP) e “Mato Cheio”. É artista orientador de teatro no Programa Vocacional, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, onde começou sua trajetória artística.

Elisa Lucinda (Cariacica, 1958) é poeta, cantora, jornalista e atriz brasileira. O poema “Viver de
poesia” foi publicado em O semelhante (São Paulo. Record, 2015).

CENA ABERTA publicará os vídeos, às segundas, quartas e sextas-feiras. Agradecemos muitíssimo a todos e todas que puderam e quiseram responder ao nosso chamado. Nossa intenção é construir com essas vozes ora isoladas não só um coro, como também um registro, um documento crítico-afetivo sobre o presente.